Pesquisador analisa empresa chinesa para testar o método; em ambiente controlado, desempenho dos trabalhadores melhorou 13% e o lucro da empresa cresceu 22%


Editora Globo
No ano passado, o professor de economia de Stanford, Nicholas Bloom, percebeu que a quantidade de pessoas que trabalhavam de casa - em dias alternados ou todos os dias - estava crescendo nos EUA, contabilizando 10% da força de trabalho do país. Mesmo assim, empresas ainda não confiavam no método, acreditando que a falta de supervisão e o ambiente com mais distrações poderia diminuir a produtividade e os resultados de seus funcionários. Por isso, ele decidiu analisar o método em um ambiente controlado: na empresa chinesa CTrip.
A CTrip é a maior agência de turismo do país, contando com 16 mil empregados, e estava querendo reduzir custos de manutenção do seu escritório. Então funcionários do call center da companhia foram escolhidos aleatoriamente para trabalhar de casa. Através de softwares, os supervisores poderiam monitorar as atividades e os resultados dos atendimentos - eram contabilizadas o número de ligações feitas, de pacotes vendidos e a análise do atendimento feita pelo cliente.
O resultado foi que a performance melhorou 13%, com um aumento de ligações atendidas por minuto (atribuido a um ambiente mais calmo) e um melhor aproveitamento do horário, com menos intervalos e dias de licença. No fim do experimento, os trabalhadores puderam escolher se queriam continuar trabalhando de casa ou voltar ao escritório - mais da metade escolheu a primeira opção, o que fez com que o faturamento da empresa aumentasse 22% (com a economia no escritório e o aumento de vendas).
Os dados obtidos na pesquisa são promissores. Mas, antes de imprimir essa matéria e mostrar para seu chefe, saiba que eles valem, principalmente, para empregos que tenham metas fixas. No caso da CTrip, por exemplo, boa parte do salário dos funcionários estudados era baseado em uma comissão de vendas - e havia um número pré-definido de vendas/ligações mínimas a serem cumpridas, que poderiam ser facilmente acompanhadas pelo supervisor. Será que o aumento de produtividade se mantém quando o trabalho a ser realizado não pode ser medido em números e em horas trabalhadas como designers, arquitetos, publicitários etc? 


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De acordo com Bloom, se analisarmos a prática do home-office no ocidente, há dois grupos de pessoas que conseguem trabalhar em casa. Aqueles que, como no caso da Ctrip, trabalham com vendas e suporte técnico, simples de serem monitorados por números, e pessoas muito motivadas por suas carreiras, que trabalham de casa independentemente de seus horários: executivos, criadores etc. 

"Normalmente os chefes", explicou o pesquisador, em entrevista para a GALILEU. "Mas é interessante notar que o grupo do meio - os supervisores do primeiro grupo - não tem esse costume. Isso significa que, para eles, é importante poder monitorar diretamente o grupo", completa.
Bloom planeja estudar outros tipos de empresa - principalmente aquelas que trabalham com criatividade, como agências de publicidade - mas ele já afirma que, por seus dados iniciais, pode perceber que a melhor forma de trabalho é alternar dias em casa com dias no escritório. 

"Um ou dois dias por semana em casa já fazem a diferença. E, para quem trabalha em equipe, é necessário estar no escritório três ou mais dias durante a semana, para estimular a criatividade. Acredito que é por isso que o Yahoo desistiu de deixar seus funcionários trabalharem em casa", conta.

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